TAXONOMIA ​O ESTADO DAS COISAS
  • sobre
  • about
  • diário
  • diary
  • contactos
  • contacts

DIÁRIO DE BORDO

Inauguração de 'O Estado das Coisas'!

30/8/2017

Comentários

 
​Com o chão finalizado e mapeado, faltavam os 16 altifalantes ainda à espera de serem suspendidos ao longo do teto. Pensámos que seria já tarde de mais para introduzir o berbequim na narrativa, mas dada a falta de tempo (e de vizinhos [reais, ou com vontade de reclamar do que quer que seja àquelas horas]) prosseguimos com o plano. Toda a cartografia desenhada no chão ajudou-nos - por entre símbolos que já eram a nossa língua franca - a conseguir identificar as zonas de maior incidência, assim como as mais afastadas, que também careciam da sua sonificação. Concluído o processo, aparece então o berbequim, depois entram os camarões e, já na fase final, os cabos de som, que felizmente tinham previamente sido seriados por tamanho, durante a tarde, pelo Rodrigo.

Enquanto este terminava os preparos no teto, entre trocas de cabos para ver quais chegavam à coluna mais longe e se os que restavam chegariam por ventura às que estavam mais perto, a Sara criava 16 faixas no sequenciador 'Logic' e tentava identificar e determinar quais eram os bocadinhos de cada uma das 30 entrevistas que teriam de ir parar a cada um dos altifalantes. A sorte, ou feliz preparação prévia, é que ela tinha já singularizado cada gravação com o nome de cada pessoa e com uma cor diferente da próxima para conseguir distinguir manobrar tudo mais facilmente. Tinha também escrito num documento à parte todos os sítios no mapa onde não só constavam os dados geográficos referentes a cada uma das perguntas, mas também os sons e canções que cada um dos participantes tinha indicado. Assim foi ligando os sons e conversas a cada uma das colunas, uma a uma, até que o trabalho só se concluiu depois do sol já ter nascido…

Já mesmo cansada e a morrer de sono, a Sara foi acordar o Rodrigo que ainda conseguiu dormir umas duas horas, e juntos foram fazer os últimos reparos no som, e na temporização de cada uma das entrevistas. Concluímos que as canções e memórias musicais teriam necessariamente de entrar uma a uma, e que só algumas entrevistas se poderiam ouvir simultaneamente. Ao testarmos a inteligibilidade dos conteúdos mais fundamentais, percebemos com agrado que por entre burburinhos e uma cacofonia de outros pequenos sons é então possível ouvir-se como foco principal mais uma entrevista do que a outra, mediante da posição que decidimos ter no espaço perante um ou outro altifalante e os símbolos adjacentes. Assim, as pessoas podem deslocar-se em direção à entrevista que lhes chama mais a atenção!

Porém, nem tudo estava concluído e, depois de um pão com queijo e sumo de laranja, a Sara foi ainda escrever os nomes do participantes, assim como cada uma das cinco perguntas, na parede a Este, com a ajuda do Rodrigo, que usava outra vez as linhas coloridas e fita cola para obter as divisões necessárias da parede e ao mesmo tempo faze-las servir utilmente de régua. Por fim, e depois de um regador cheio de água fria pelo corpo abaixo, estava o trabalho finalizado. A Sara ainda pensou em se deitar um pouco, mas nisto toca o telemóvel com a Lília Mata do outro lado a perguntar se ainda havia tempo para uma entrevista antes da inauguração. Houve tempo depois do sono se ter entretanto inibido e as forças se terem renovado para um depoimento final. Lá passou a entrevista na RDP durante a mesma tarde para lembrar as pessoas do acontecimento e logo em seguida abrimos as portas, até ligeiramente antes das 19h, para a estreia de 'O Estado das Coisas'. 

Ficámos muito contentes por ver vários dos músicos entrevistados a entrar na PIPINOIR, assim como amigos, conhecidos, entre outras pessoas interessadas em ver e ouvir o projeto. Foi muito bom ver o entusiasmo com que várias pessoas se moviam de coluna em coluna à procura de certas músicas e testemunhos, e também de ouvir a sua própria voz! Muitos disseram que o projeto era realmente diferente de tudo o que já tinham visto e houve interesse nas mais distintas particularidades do trabalho, desde o impacto visual do mapeamento cartográfico, ao lado mais antropológico e social ou musical. As vozes gravadas dos entrevistados confundiram-se muitas das vezes com os comentários eufóricos dos próprios em carne e osso, e o burburinho contínuo era só interrompido pelas vozes que entravam aqui e ali em cantoria, ou por uma música tocada ora no piano ora num cordofone. 
Imagem
Fotografia de Sara Rodrigues
Imagem
Imagem
Imagem
Fotografias de Rui A. Camacho
Comentários

    Autores

    Rodrigo B. Camacho
    Sara Rodrigues

PORTO 2018
Imagem
FUNCHAL 2017
Imagem
  • sobre
  • about
  • diário
  • diary
  • contactos
  • contacts